Tratamentos para transtorno de ansiedade: como a psicologia pode ajudar a prevenir e tratar sintomas

Transtorno de Ansiedade

Os transtornos de ansiedade, como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), fobia socialSíndrome do PânicoagorafobiaTranstorno obsessivo-compulsivo (TOC), entre outros, são cada vez mais comuns nas clínicas de psicologia e psiquiatria.

Antes mesmo da pandemia, de acordo com dados atualizados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade se destacam como um dos problemas mais prevalentes em escala global, afetando aproximadamente 264 milhões de indivíduos. No contexto do Brasil, o país é reconhecido como tendo a maior taxa de ansiedade no mundo.

Ansiedade: o que é?

A ansiedade pode ser algo comum do nosso dia a dia, como por exemplo a espera por algo que deve acontecer ou a chegada de um compra, por exemplo. Esse tipo de ansiedade é uma resposta positiva do nosso organismo, nos mantendo em alerta e preparados para lidar com as situações esperadas.

No entanto, quando o organismo humano começa a apresentar comportamentos mais frequentes de ansiedade, mesmo sem um motivo evidente, pode ser um sinal de um transtorno de ansiedade, ou seja, quando o quadro se torna patológico.

A ansiedade faz parte do ser-humano há milênios, mas é somente a partir do final do século XIX que ela se tornou um interesse na área médica, sendo tratada como um quadro patológico específico.

Sintomas do transtorno de ansiedade

A ansiedade pode se desenvolver de maneiras diferentes em cada pessoa. Normalmente ela pode ter sintomas físicos e emocionais. Entre os sintomas físicos da ansiedade, podemos citar:

  • Boca seca;
  • Braços dormentes;
  • Náuseas e diarreia;
  • Problemas digestivos;
  • Tontura;
  • Tensão muscular;
  • Calafrios, suor e tremores;
  • Taquicardia e dores no peito;
  • Respiração acelerada e falta de ar.

Quanto às questões emocionais e psicológicas, é comum que os quadros de ansiedade apresentem:

  • Inquietação constante;
  • Alterações de sono;
  • Desregulação de apetite;
  • Excesso de preocupações;
  • Medos irracionais;
  • Mudanças repentinas de humor;
  • Pensamentos obsessivos;
  • Dificuldade de concentração;
  • Nervosismo frequente;
  • Dificuldade para socializar;
  • Sensação de desconexão consigo mesmo.

O diagnóstico de transtorno de ansiedade é feito com um médico ou psicólogo. Por isso, consulte um especialista se você apresentar esses sintomas.

Quais são os principais transtornos de ansiedade?

Com o aumento dos casos e do interesse das áreas médicas, o DSM-V, versão mais atualizada do “manual de doenças mentais”, passou a explicitar e diferenciar os casos de transtorno de ansiedade.

De acordo com o DSM-V, os principais transtornos de ansiedade são:

  • Transtorno de Ansiedade de Separação;
  • Mutismo Seletivo;
  • Fobia Específica;
  • Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social);
  • Transtorno de Pânico;
  • Agorafobia;
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada;
  • Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento;
  • Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica;
  • Outro Transtorno de Ansiedade Especificado;
  • Transtorno de Ansiedade Não Especificado.

Dos onze subtipos específicos de transtornos de ansiedade listados no DSM-5, nossa revisão de literatura realizada no segundo capítulo desta dissertação nos permitiu identificar que quatro deles recebem maior destaque nas discussões. São eles:

  • Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social);
  • Transtorno de Pânico;
  • Agorafobia;
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada.
Como tratar os transtornos de ansiedade?

Por que a ansiedade está cada vez mais comum?

Muitas pessoas se questionam dos motivos que fazem com que a ansiedade esteja cada vez mais frequente em nossa sociedade. De acordo com a Psicologia Histórico-Cultural, além de fatores biológicos, devemos também olhar para as causas culturais e sociais.

O que faz a cidade de São Paulo ter mais casos de transtornos mentais do que em regiões de guerra, por exemplo? O estilo de vida, bastante individualizado e sem seguranças econômicas, sociais e alimentares, por exemplo, pode ser um fator estressante e que está intimamente ligado ao aumento dos casos de transtornos de ansiedade.

Pensando de maneira crítica, podemos nos questionar sobre alguns aspectos da ansiedade. Por que algumas pessoas enfrentam momentos de extrema ansiedade e conseguem superá-los em certa medida, enquanto outras não? O que determina o tipo específico de transtorno de ansiedade que se manifestará em cada indivíduo? Onde está o limite entre a ansiedade considerada aceitável e aquela que se torna patológica?

Além disso, um ponto crucial é identificar quem é a pessoa que está sofrendo psiquicamente. Como a história social e pessoal de alguém se relaciona com a ansiedade? Como esse processo específico da ansiedade afeta a dinâmica singular da personalidade de cada indivíduo?

Por outro lado, também devemos considerar as implicações da dinâmica da personalidade como um mecanismo de autorregulação das experiências ansiosas. Seria a ansiedade uma experiência psicofísica muito semelhante para a maioria das pessoas, ou sua vivência está mediada por condições de classe, gênero, idade/geração, inserção laboral, cor da pele, etnia, entre outros fatores?

Segundo Andrade Filho (2022), essas questões são essenciais para compreendermos melhor a complexidade da ansiedade e como ela se manifesta de maneira singular em cada indivíduo, além de como fatores sociais e pessoais podem interagir e influenciar esse processo ansioso. Explorar esses aspectos pode lançar luz sobre a compreensão e o tratamento adequado dos transtornos de ansiedade e do sofrimento psíquico em geral.

Fatores de risco da ansiedade

De acordo com as pesquisas na área, existem diversos fatores de risco para a ansiedade, que podem se relacionar com o momento da vida de cada pessoa. A pandemia de COVID-19, por exemplo, foi um fator de risco para que muitas pessoas desenvolvem um quadro de transtorno de ansiedade.

Podemos inferir que ser profissional da saúde representa o fator de maior risco para o surgimento e a persistência do transtorno de ansiedade generalizada, especialmente quando associado às peculiaridades inerentes ao cuidado direto ou indireto dos indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2.

Já segundo um estudo de Schönhofen, a prevalência de ansiedade geral, sem especificação de transtorno, entre os participantes do estudo é de aproximadamente 41%, o que representa cerca de cinco vezes mais do que o índice de ansiedade na população geral, que é de 9,3%. A ansiedade associada à prova do vestibular foi apontada como o principal fator de risco para o desenvolvimento ou agravamento de um transtorno de ansiedade.

Ainda de acordo com o estudo, existem três razões complementares que podem contribuir para a diferença encontrada:

(a) Fatores genéticos: Estudos com gêmeos apontam que a contribuição absoluta dos fatores genéticos para o risco de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é maior entre mulheres.

(b) Influências hormonais: Alterações na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e no sistema simpático-adrenomedular, juntamente com eventos do ciclo hormonal feminino, parecem influenciar o risco de TAG.

(c) Vulnerabilidade a estressores ambientais: Mulheres podem apresentar maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de psicopatologias devido a eventos traumáticos na infância em comparação com homens.

Além dessas três razões, sugiro uma quarta, de natureza social:

(d) Mulheres frequentemente recebem salários mais baixos do que homens, mesmo ocupando as mesmas posições no trabalho, enfrentam uma carga de trabalho maior e têm menos oportunidades. Além disso, a objetificação dos corpos femininos impõe um fardo social, levando à necessidade de manter uma aparência de acordo com padrões estabelecidos socialmente. Esses fatores sociais podem também contribuir para o aumento do risco de TAG em mulheres.

Ansiedade na população LGBTQIAPN+

De acordo com o relatório “Tensões Culturais 2023”, conduzido pela Quiddity para investigar os sentimentos de desconexão presentes na sociedade brasileira, conhecidos como tensões culturais, foram identificados impactos significativos na saúde mental de indivíduos LGBTQIAPN+ em comparação com pessoas heterossexuais.

Os dados revelam que 50% dos brasileiros LGBTQIAPN+ enfrentam ansiedade, 24% relatam depressão e 15% vivenciam crises de pânico. Em contraste, esses índices são de 34%, 15% e 6%, respectivamente, entre pessoas heterossexuais.

Dentro da comunidade LGBTQIAPN+, as pessoas trans são as que mais sofrem, exatamente por estarem expostas a uma vulnerabilidade ainda maior.

Essas estatísticas ressaltam a necessidade de maior atenção e compreensão das questões de saúde mental enfrentadas pela comunidade LGBTQIAPN+, enfatizando a importância de apoiar e fornecer recursos apropriados para lidar com essas dificuldades específicas.

Qual é o tratamento para transtorno de ansiedade?

tratamento para o transtorno de ansiedade poderá depender de cada quadro. Normalmente, o acompanhamento de um psiquiatra é feito para que possam ser administrados medicamentos que diminuirão os sintomas, enquanto a psicoterapia promove uma transformação na situação que pode estar desencadeando esses sintomas. O atendimento psicológico online também pode ser uma opção.

Nem todas as pessoas precisam de medicamentos para tratar a ansiedade. Em alguns casos, fazer terapia, praticar atividade física e manter bons hábitos – como evitar o tabagismo, consumo de entorpecentes e ter uma alimentação saudável, pode ajudar a melhorar ou cessar completamente os sintomas de ansiedade.

Terapia para ansiedade

De acordo com a Psicologia Histórico-Cultural e a Patopsicologia, podemos propor diversas intervenções clínicas para a melhora dos sintomas de ansiedade.

Primeiramente, é essencial a investigação de prováveis motivos que estão desencadeando essas situações junto ao acolhimento das queixas do sofrimento que o paciente traz durante as sessões. Posteriormente, o psicólogo deverá trabalhar as ferramentas e mecanismos para que a pessoa se desenvolva e consiga ter maior autonomia para enfrentar as situações que causam a ansiedade e prevenir outras questões, como depressão e burnout, por exemplo.

Raphael Granucci Pequeno
Raphael Granucci Pequeno

Psicólogo clínico, escritor e pesquisador

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