Psicologia Histórico-Cultural: Onde encontrar psicólogos dessa linha

Onde encontrar psicólogos da linha histórico-cultural?

Encontrar uma psicóloga ou psicólogo histórico-cultural nem sempre é um trabalho fácil. Afinal, a Psicologia Histórico-Cultural não está entre as abordagens mais populares no Brasil e, para os profissionais que querem seguir essa linha, o aprendizado da graduação pode não ser o suficiente.

Existem algumas universidades e núcleos de pesquisas que ajudam na formação do psicólogo histórico-cultural, para a construção de uma prática clínica ética, plural e crítica.

Mas também é importante perguntar: Quem é o psicólogo clínico com abordagem histórico-cultural e quais as diferenças para as outras abordagens?

Na realidade, há vários elementos que se originam em nossa base teórica e que definem a prática da Psicologia Clínica Histórico-Cultural, linha que eu sigo nos meus atendimentos clínicos.

Confira abaixo mais informações sobre a prática clínica da abordagem histórico-cultural.

Psicólogo Histórico-Cultural: O que significa?

No contexto terapêutico, o psicólogo histórico-cultural assume o papel de mediador, desempenhando uma função primordial no desenvolvimento da pessoa em terapia.

É importante compreender que Lev Vygotsky, renomado psicólogo, destacou que o desenvolvimento humano está intrinsecamente ligado aos processos de aprendizagem, os quais são, em grande parte, sociais.

Esse desenvolvimento ocorre à medida que a pessoa interage com outros indivíduos e a cultura, incorporando novos elementos nas zonas de desenvolvimento que possui. Portanto, a terapia se configura como um ambiente adicional para esse processo de crescimento pessoal.

Além disso, o terapeuta que adota a abordagem histórico-cultural desempenha um papel ativo no desenvolvimento da terapia. Ele age com base no respeito à singularidade, ao contexto e à narrativa da pessoa em terapia, adotando uma postura dialógica, dialética e interventiva.

Tornar-se um terapeuta com essa abordagem é um processo que requer aprendizado contínuo, pois desafia as perspectivas convencionais. Quando consideramos a atuação na clínica histórico-cultural, algumas características são essenciais:

  • Estabelecimento de um vínculo de qualidade com o paciente, por meio da prática de escuta ativa e empática, bem como do respeito à autoridade da pessoa em sua própria jornada.
  • Reconhecimento de que o mundo é um ambiente histórico e concreto, que tem um impacto profundo na vida humana.
  • Compreensão de que a subjetividade é moldada e produzida nas interações sociais e nas relações interpessoais.
  • Percepção de que não se pode separar a razão da emoção, o objetivo do subjetivo, o individual do social; ao invés disso, esses elementos estão interconectados e influenciam a experiência humana de maneira complexa.
O que é um psicólogo histórico-cultural?

Como é a prática clínica do psicólogo histórico-cultural?

Seja a partir da psicoterapia breve ou da psicoterapia convencional, aqui estão os principais pontos que caracterizam um psicólogo que atende na clínica a partir da teoria de Lev Vygotsky denominada Psicologia Histórico-Cultural.

Compreensão da saúde mental como um aspecto social

A psicologia histórico-cultural reconhece que a saúde mental não é um fenômeno puramente individual, mas é moldada pelo contexto social, cultural e histórico em que uma pessoa está inserida. Isso implica em buscar uma abordagem de saúde mental integral, considerando a história da pessoa em conexão com seu tempo e cultura, em uma abordagem materialista.

Visão integrada da subjetividade

Abordar a subjetividade como algo intrinsecamente ligado à cultura, à história e aos processos sociais. Isso requer que o psicólogo histórico-cultural entenda que a subjetividade não pode ser considerada de forma abstrata ou reducionista, mas sim como um produto da interação com o ambiente cultural e histórico.

Reconhecimento de que o social faz parte de cada indivíduo

O psicólogo histórico-cultural compreende que o social não se limita ao coletivo, mas também está presente na individualidade. Isso significa que as relações sociais e a cultura desempenham um papel fundamental na formação da consciência e das funções psicológicas individuais.

Integração do biológico e do subjetivo

Reconhecer que o ser humano é um ser integral, composto por diversas dimensões, incluindo a biologia. Isso implica em compreender que o cérebro é o substrato material da consciência e que a subjetividade está intrinsecamente ligada à objetividade.

Entendimento de que a saúde mental não se resume à clínica

Para o psicólogo histórico-cultural, a saúde mental não está restrita ao ambiente clínico e não pode ser tratada apenas de forma individualizada. É importante reconhecer que questões de saúde mental são influenciadas por fatores sociais, políticos e culturais mais amplos.

Estudo dos elementos culturais do sofrimento psíquico

O psicólogo histórico-cultural realiza um estudo aprofundado sobre os elementos culturais que contribuem para o sofrimento psíquico. Isso inclui considerar como o capitalismo e outros fatores culturais e políticos impactam a saúde mental das pessoas, buscando uma psicologia antirracista e mais acolhedora.

Técnicas da Psicologia Histórico-Cultural Clínica

Antes de abordar as técnicas na psicoterapia histórico-cultural, é essencial enfatizar que os psicólogos que seguem essa abordagem não devem adotar uma abordagem prática simplista. Não existem fórmulas prontas ou manuais universais para orientar a atuação na clínica histórico-cultural.

As técnicas utilizadas pelo psicólogo histórico-cultural estão enraizadas em um contexto e uma base teórica específicos que não podem ser negligenciados. O materialismo histórico-dialético e o método de Vigotski abordam questões cruciais para uma compreensão integrada da subjetividade e das interações humanas.

Portanto, é importante reconhecer que muitas das técnicas aplicadas na psicoterapia histórico-cultural têm sua origem na relação entre o terapeuta e a pessoa em atendimento (ou paciente), seja para atendimentos presenciais ou atendimentos online.

Entre as principais técnicas, destacam-se aquelas que incorporam elementos derivados do método da psicologia histórico-cultural, como as destacadas abaixo:

  • Enfoque na linguagem e diálogo: A linguagem desempenha um papel central na clínica histórico-cultural, refletindo a ênfase que a teoria de Vigotski dá à linguagem como uma função psíquica superior. Diálogo de qualidade e perguntas exploratórias são usados para aprofundar a compreensão do paciente, promover a organização do pensamento e a integração das funções psíquicas.
  • Cenário de Vida: Essa técnica visa entender como a pessoa se relaciona com seu ambiente físico e simbólico. O terapeuta pede ao paciente que expresse livremente seu cenário de vida, seja por meio de desenhos, esquemas ou texto. Isso ajuda a explorar as vivências e emoções do paciente em relação ao contexto em que vive.
  • Linha do Tempo: A linha do tempo é uma técnica que permite ao paciente expressar os principais eventos de sua vida, geralmente em uma perspectiva histórica. Pode ser usada para traçar uma linha do tempo geral da vida do paciente ou focar em aspectos específicos, como relacionamentos amorosos, carreira ou sexualidade.
  • Patopsicologia: Conceito desenvolvido por Bluma Zeigarnik, a Patopsicologia é uma disciplina que se concentra no estudo e na compreensão dos processos psicológicos relacionados às patologias ou transtornos mentais. Ela visa analisar como essas condições afetam o funcionamento mental e emocional das pessoas.

Como os sintomas são tratados na clínica Histórico-Cultural

Vygotsky argumentava que o comportamento só pode ser verdadeiramente compreendido quando consideramos sua história. No entanto, em uma sociedade capitalista, muitas vezes vivemos de forma alienada, o que resulta em rupturas e fissuras em nossa experiência subjetiva e em nosso comportamento.

Essas rupturas e fissuras podem se manifestar como problemas de saúde mental, expressos em forma de sintomas. Os sintomas são as manifestações externas evidentes do sofrimento psicológico, indicando uma desorganização na esfera emocional. No entanto, eles não revelam completamente a complexidade do sofrimento, sendo necessária uma investigação mais profunda das causas subjacentes.

Na Psicoterapia Histórico-Cultural, não nos limitamos a uma abordagem biomédica convencional da patologia e dos sintomas. Em vez disso, empregamos técnicas que nos permitem explorar a história do sofrimento psicológico de uma pessoa. Reconhecemos que a pessoa é mais do que seus problemas de saúde mental.

Os sintomas são considerados como parte de um sistema de funcionamento complexo que está em desequilíbrio. Eles servem como ponto de partida para a investigação de uma narrativa singular e socialmente construída que compõe a vida de uma pessoa.

É importante compreender que os sintomas não são universais nem abstratos; pelo contrário, estão profundamente enraizados na história das relações de produção, refletindo as complexas dinâmicas da vida psíquica. Isso significa que cada período histórico pode apresentar sintomas e transtornos específicos que refletem as características sociais e culturais da época.

Psicólogo Histórico-Cultural: onde encontrar?

Para encontrar qualquer psicólogo, independentemente da abordagem escolhida, comece identificando suas necessidades específicas, como ansiedade, depressão, relacionamentos, entre outros. Em seguida, verifique a formação e credenciais do psicólogo, garantindo que esteja devidamente licenciado e tenha experiência na área que você precisa.

O rapport e a empatia são fundamentais, então, agende uma consulta inicial para avaliar se você se sente confortável com o psicólogo e se a comunicação flui bem. Por fim, leve em consideração a logística, como localização (para o caso dos atendimentos presenciais), horário de atendimento e custo, para garantir que seja prático e acessível para você.

Lembre-se de que a relação terapêutica é um processo pessoal e único, então confie em sua intuição ao escolher um psicólogo que pareça atender às suas necessidades e com quem você se sinta à vontade para trabalhar em suas questões emocionais.

Tem interesse em fazer terapia com um psicólogo histórico-cultural? Entre em contato pelo formulário do meu site, pelo meu WhatsApp ou minhas redes sociais e agende uma conversa online.

Conheça meu trabalho como psicólogo histórico-cultural
Raphael Granucci Pequeno
Raphael Granucci Pequeno

Psicólogo clínico da abordagem histórico-cultural, escritor e pesquisador

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